15.3.12

Postagem








Escrito em 15 de janeiro de 2012
(Para lembrar que o tempo é o princípio ativo das transformações)

Hoje eu recebi uma mensagem com um link de uma postagem minha de 2009. Uma foto linda, com um trecho de uma canção que falava sobre todo o sentimento que eu havia guardado por anos a fio esperando que alguém espetacular pudesse receber. Eu não havia percebido a quantidade de pessoas espetaculares que haviam passado em minha vida, e os incontáveis sentimentos que eu as tinha dado e recebido, maior até dos que eu havia guardado.
Em um dos posts do flog eu havia escrito:

“Eu já deveria ter entendido e me conter a não fazer o que não sei.
Escrever, se entregar.
Já deveria ter aprendido que quando deixo a janela aberta em dias nublados, a chuva tende a molhar o chão. Antes a mim. Que me molhasse por completo e entre as gotas d’água que começariam a interligar-se no meu corpo, levasse consigo o que não pode ficar.
Temo sumir por completo.
Não adianta escrever quando não se conhece palavras bonitas. Não adianta tecer o pano de chão rasgado. Não adianta começar se sabe que não irá até o fim.
Não vale a pena esperar por alguém que você sabe que não irá chegar. Você mesmo.
Assim iria eu desaparecer entre esse cobertor com rosas, rosa. Destilaria as linhas que arrebenta o tracejado do meu corpo. Deveria eu nem tentar, depois de tantas vezes gostar, já que sei que terá que acabar.
Adiantaria?”

Recebi como resposta
- O que te inibis?
Da mesma pessoa que há pouco me enviou a mensagem.
Da mesma pessoa que por anos me inibiu.

Mas antes, nada me inibia, exatamente nada e por este nada eu fazia tudo. Eu escrevia sobre não escrever. Falava sobre não falar. Dava o que pensava guardar. Eu amava de corpo e alma sem nem mesmo saber se existia um corpo na alma que era minha, porque por toda a vida eu parecia ter sido invisível aos meus próprios olhos. De mim, eu só tinha a fantasia, o surreal. Em mim, a realidade eram os sonhos nos verões chuvosos, enquanto eu passava uma hora tomando banho sentada num banco branco enquanto meus cabelos eram lavados e minhas roupas postas ao chão.
Eu era a própria reencarnação do espectro existente apenas no cosmo do que transformamos nossas mentes. Eu era Amanda. Eu era Lolita. Eu era Cristina. Eu não era nada, senão de alguém que quisesse ter. Um bolha que flutua. Uma folha seca que caí no chão molhado. Um vento frio na tarde de sol a pino.
E eu ainda era um casulo. Uma flor sem espinhos. Uma semente de feijão, deitada na cama de lençóis brancos enquanto a cortina amarela batia de um lado à outro.

Eu era o amor que havia guardado para quem nunca havia sido amado.

Três anos se passaram e das fantasias me restaram longas e longas horas de sono leve com sonhos extremamente verdadeiros, sonhos que não me deixavam acordar, sonhos de cachoeiras mutantes, de ruas largas e céus paradisíacos. Sonhos acordados. Sonhos dormindo. Sonhos que não mais são transportados para a realidade.
Eu deixei de ser Cristina, Amanda, Lolita. Eu deixei de ser ele, de ser você. E me transformei por inteiro em uma alma inquieta que luta para permanecer num corpo enquanto o mundo dá mais algumas voltas ao redor do seu próprio eixo. 
Eu, quando me transformei em realidade, me perdi por completo.

Ass.: Ana

E no final das contas, é pura esquizoide encoberta.

Um comentário:

  1. Também uso floratta, mas o meu é o emotion (rosa escuro). Adoro todas as versões. =)

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