24.2.12

A Ribbon













Enquanto eu não encontro um trabalho,
eu corto uma franja, bagunço um quarto, escuto uma música
porque eu tenho todo o tempo do mundo

"As flores aos seus pés não têm cheiro doce?
Bem, é certo que cheiram doce para mim
E o jeito da lua subir ao alto não brilha exageradamente?
Bem, é certo que brilha exageradamente para mim

E a água em seus lábios não se sente desejável?
Bem, é certo que é desejável para mim
E os lábios em seus lábios não caem bem?
Bem, eles com certeza caem bem para mim..."

20.2.12

penny


Deito na minha cama melada de tecidos sujos. Buddy Guy grita no meu toca fitas. Todas as paredes estão sujas. De um lado tudo o que eu já escrevi. Do outro, tudo o que eu ainda não fui. O mundo.

Bagunço tudo o que estava no lugar, porque mais uma vez, estou eu aqui de mudança. Minhas unhas estão crescendo. Meu dinheiro está num banco. E meu corpo se desliza sozinho no próprio desejo de ser. E estou apenas de mudança. De um quarto para o outro.

E o quarto não é mais apenas minhas calças jeans rasgadas. Não é minha camiseta masculina. Não são mais as fugas. Meu quarto agora é todo o meu mundo, guardado por uma cortina nova cor de neve.

Bolinhas brancas e amarelas. Bolinhas brancas. Hoochie Coochie Man. Eu estou vestida de azul marinho. E meu mundo agora está mudando só porque eu troquei de quarto.  

Se arrastar e tentar dançar com os próprios dedos. Sentir a saliva banhar todo o chão. O chão do quarto novo. Com meu vestidinho cor de mar, marinho.

“E eu sou um minúsculo centavo rolando paredes adentro

Junto com todas as minhas bonecas. Apenas escolhendo qual a nova cor do meu edredom. Apenas escolhendo o que se deve jogar fora. Apenas rolando. Rolando. Com as bonecas velhas.

Escolhendo o meu par de tênis. Escolhendo o mundo. Escolhendo o caminho.

Como uma bonequinha deitada na cama melada de tecidos escritos, vendo o tempo.