29.1.11

Telephone sem fio

Passei a tarde olhando o meu corpo no espelho e sentia que aquilo tudo era real. O meu rosto envelhecendo, meus cabelos bagunçados, alguns quilos a mais. Pela primeira vez, olhando fixamente para os meus olhos, eu senti prazer por mim mesma.

Refiz o blog.

Não tinha nada a escrever, tão pouco vontade de colocar todos os layouts que ele merecia, apenas criei, lembrando que do que era ou estava sendo, essa era uma das poucas coisas que desejava preservar.
Olhava para a foto do painel vermelho preso no quarto da minha mãe; lembrava daquele dia, de como, além de cansada de fotos, revelava um sorriso sincero, verdadeiro. Comparei com o de agora. Não me reconheço mais.


Então, decidi refazer uma ligação. Sem fio. por Telephone.


          Quando recriei o blog
(2010). 


10.1.11

Novo Ano

Debaixo da terra há um ninho de pássaros, duas sementes vermelhas e um punhado de galhos. Abaixo de mim há uma terra úmida, molhada pelo orvalho daquelas manhãs de verão, alguns anelídeos fazendo cócegas nos meus pés. Eu os posso sentir com tanta precisão.

Dentro de mim há um vazio imenso, que se preenche de mim mesma todas as vezes que eu inspiro o oxigênio do mundo, daquelas árvores, daquelas águas, daquele Planeta. Azul. Verde. De mim. Branco.

Você pode sentir? O sangue correndo apressadamente dentro de suas veias e artérias, o seu coração pulsando 150 batimentos por minuto, a sua alma em curto circuito com o seu corpo, a vibração, a energia, o êxtase. E você consegue finalmente sentir-se parte do mundo, como uma folha é essencial a uma árvore, como uma gota é essencial a uma folha, como você é essencial, como você pertence ao mundo e ele a você.

E fielmente ver a precisão da paz.



“o corpo não é senão aquilo que sobra da vida de uma alma”