28.9.11

Insensibilizar

As lembranças daquelas noites meio frias. As lembranças de um quarto quente. As lembranças do silêncio, do grito, da dor, do prazer. A lembrança do chinelo amarelo encostando-se no mar, branco. Eu não tenho mais amor, não tenho a quem amar. O que existe em mim além de um metro e alguns centímetros de vazio, de solidão, de lembrança? Do que ainda nem me veio.
Uma pêra sem doce. Poxa, eu nem ao menos consigo escrever. Um coração sem poder amar além, guarda-se aquém, num vazio enferrujado. 
E nem a tristeza me seduz, porque sentir gasta uma energia sem fim.
Insensibilizar, mas eu prometo, foi tão sem querer.
A culpa da luz, que não mudou de cor, do vento que não me chamou. Do banco de algum carro que a tempo não me fez descer correndo as escadas enquanto a chave ficava presa na porta. 
Poxa, que falta de amor. Será que ainda existe mesmo alguém para amar?
Insensibilizar.
À lembrança, manda um abraço forte.
Ela vai chegar.






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