20.2.12

penny


Deito na minha cama melada de tecidos sujos. Buddy Guy grita no meu toca fitas. Todas as paredes estão sujas. De um lado tudo o que eu já escrevi. Do outro, tudo o que eu ainda não fui. O mundo.

Bagunço tudo o que estava no lugar, porque mais uma vez, estou eu aqui de mudança. Minhas unhas estão crescendo. Meu dinheiro está num banco. E meu corpo se desliza sozinho no próprio desejo de ser. E estou apenas de mudança. De um quarto para o outro.

E o quarto não é mais apenas minhas calças jeans rasgadas. Não é minha camiseta masculina. Não são mais as fugas. Meu quarto agora é todo o meu mundo, guardado por uma cortina nova cor de neve.

Bolinhas brancas e amarelas. Bolinhas brancas. Hoochie Coochie Man. Eu estou vestida de azul marinho. E meu mundo agora está mudando só porque eu troquei de quarto.  

Se arrastar e tentar dançar com os próprios dedos. Sentir a saliva banhar todo o chão. O chão do quarto novo. Com meu vestidinho cor de mar, marinho.

“E eu sou um minúsculo centavo rolando paredes adentro

Junto com todas as minhas bonecas. Apenas escolhendo qual a nova cor do meu edredom. Apenas escolhendo o que se deve jogar fora. Apenas rolando. Rolando. Com as bonecas velhas.

Escolhendo o meu par de tênis. Escolhendo o mundo. Escolhendo o caminho.

Como uma bonequinha deitada na cama melada de tecidos escritos, vendo o tempo.

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