4.7.11

Hummy



Houve um dia que eu me sentia muito, mas muito sozinho. Eu tentei pintar a casa de azul, ou foram meus olhos. Coloquei todos os bonecos da minha coleção de criança frente à varanda onde tentava sonhar todas as manhãs, mas exatamente nada parecia me fazer sentir acompanhado. As pessoas já me deixavam sozinho demais, desde criança.

Então eu ganhei um gato. Meu coração ainda tremia de frio, igualmente aos meus pés, mas todas as noites ele dormia ao meu lado, esfregava seus pelos escuros e macios no meu rosto, lambia os dedos das minhas mãos.

Um dia eu tive que partir, deixando-o assim, agora, sozinho. Não sei quem se partiu primeiro, se fui eu ou ele. Se foram meus dedos ou seu bigode branco e preto. Só sei que meu coraçãozinho, tentando esquentar no outro lado do mundo, num lugar onde o sol desce a pino e dorme debaixo da minha cama, eu encontrei uma saudade maior.

Olhando-me no espelho enquanto fazia minha barba, registrei uma gota pálida e transparente escorrendo no meu rosto, saíram várias de dentro dos meus olhos. Nesse momento, lá onde meus pés estão frios, ele estava ronronando e passando seu rabo nas minhas pernas. Pensei no que ele estava fazendo agora tão sozinho e tão preso. E me senti presa por amá-lo, porque agora além de estar sozinha, eu sentia medo. De perdê-lo.

Ai! A lâmina cortou o meu rosto, e o liquido que jorrava dos meus olhos o limparam. Tentei parar de amá-lo, mas não consigo mais.

Hummy querido, como está você agora?

 

Ao som de Eddie Vedder

Um comentário:

  1. Ai meudeuuuuusss...que post mais lindo é esse? Eu chorei Ellen, nossa, quanta cumplicidade, quanto amor. Que lindo! Sinto tanta falta da minha pequenazinha (cherrie) também, mas é diferente, no seu caso, você tem a ele e ele tem a você. Essa foto dos patinhas é muito fofinha. Hihihi...tutti é doidinho demais, tive o privilégio já de dormir com ele passando por cima de mim e acordar com ele ronronando no meu ouvido.

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