Então imagine agora que este espectro esteja na sua frente, caminhando sobre a mesma terra que os seus pés tocam, sem sandálias, sem coberturas. E ele joga-se nos ventos do seu mundo, ele caminha, ele sorrir, ele te olha. Mas você não consegue tocá-lo, você não consegue senti-lo. Você sequer consegue escutar o som da sua voz. Seu sonho parece estar em stop motion, várias fotografias sendo descarregadas num mundo que não te pertence, e que ele não pertence mais ao seu.
É como se na arte de Michelangelo em A criação de Adão, no momento em que o Homem, pacientemente, inconsciente, tocará os dedos do seu Deus para tornar-se vivo, naquele momento em que tudo parece parar e focam-se os dedos, e focam-se na bolha que os cobrem, na energia que emite e, de repente. Some. Tudo desaparece por completo. Tudo morre.
E mesmo que você caminhe pelos sete mares, você não encontrará mais vestígios, não encontrará mais abraços.
Tudo desaparece, e sempre há alguém que fica. Para contar a história de um herói, de um romance, de uma novela. De uma saudade. Inatingível.
Para viver.
"O prisioneiro desfaz-se gradualmente da posição fetal, e espreme-se, como se saísse do útero. Ofusca-se. Ao ouvir “Vive!”, respira forte com asfixia. Grita e chora. Ri e morre."
Massa! Lindo!
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